terça-feira, 17 de novembro de 2015

CARTA AO PREFEITO DE CABO FRIO - Do cidadão na luta por direito ao direito de luta do cidadão

 Do cidadão na luta por direito ao direito de luta do cidadão

Quando um cidadão luta por um direito, é porque este lhe foi negado. Simples assim.


A inversão de valores neste país, que dizem democrático, é tão grande quanto o descaramento dos que, à frente dos órgãos decisórios, o transformam na mais infame das autocracias. Em nosso município não está sendo diferente. Raríssimos são os que não refletem a imagem do macro sistema. 

Pode parecer frase pronta, um simples jargão ou, até mesmo, uma pérola extraída do limbo do senso comum, mas estão nos fazendo acreditar que o caos, aqui em nossa cidade, é realmente a ausência de organização. É o colapso urbano. 

OPINIÃO | "O meu sindicato me representa e é meu intermediário", declara professor da rede pública de Cabo Frio

Mesmo sendo cidadão cabofriense, educador há 25 anos e, assim, com muito orgulho, tendo participado da formação escolar/acadêmica de muitos que hoje são colegas e tendo assumido no início deste ano a função de Gestor Escolar, democraticamente eleito pela comunidade escolar num pleito acirradíssimo, não posso me calar, em nome desse histórico, dessa metade de minha vida dedicada a essa cidade e permitir que o prefeito fale dos diretores (grupo a que pertenço hoje e por mais dois anos) como se fôssemos debiloides, mancomunados com ele como aqueles que foram "indicados" e que, por isso, como pensa o senhor prefeito, lhe deve obediência cega, surda e muda. 

Não sou desorganizado, senhor prefeito, sou "orgânico". Não sou isolado no mundo, não estou sozinho, pertenço a uma categoria e esta me representa com muito orgulho. O meu sindicato me representa e é meu intermediário. 

Ah, prefeito, também sou moleque e idiota como todos os meus companheiros de luta e não sou "iluminado" por estar diretor, antes disso, sou educador.

FRANCISCO CARLOS DE MATTOS, professor da rede pública de Cabo Frio. 

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

CARTA ABERTA A POPULAÇÃO CABOFRIENSE (de um professor da rede pública municipal publicada nas redes sociais).


Cabo Frio, 09 de novembro de 2015
Prezados (as),

Sou professor contratado do Município de Cabo Frio e afirmo a você sem medo de errar: Você não sabe o que está acontecendo com a Educação de nossa cidade! Você é pai de aluno, cidadão cabofriense, ou seja quem for, me de 5 minutos da sua atenção.

Antes de mais nada, não estou aqui para denegrir a imagem de ninguém. Estou desabafando e escrevendo palavras que a maioria dos meus semelhantes gostaria de externar mais não pode. Sim, não pode. São experiências. Tire suas próprias conclusões.
Eis meu desabafo...

Você já trabalhou de graça? Seu salário veio com erro de 900,00; 500,00 ; 200,00 reais? Por meses consecutivos? Pois é... Acontece com uma freqüência incrível. Comigo já aconteceram 8 vezes. Como resolve isso? Vá ao RH! Ok, irei. – “Desculpe senhor, você terá que ir ao RH da sua secretária”, _ “Professor, a culta é da sua diretora que não nos enviou a folha de ponto corretamente.” – “Eu enviei sim!!! Olha aqui a prova...” – “Professor, somente mês que vem vira a diferença”. A era pra eu receber 780,00 reais que me restavam, recebi 530,00... quanto maior o salário, maior o desconto em folha...

Na Secretaria de Educação é assim: Se vai pra lá, é bom levar um livro. Quem já perdeu um dia lá levanta a mão!!! Certa vez, estava eu esperando para ir ao RH (meu pagamento veio errado por sinal), 8 mulheres muito bem vestidas saíram de la entraram numa van da SEME, todas funcionárias, todas passaram por cerca de quinze professores aguardando na fila, nem um olhar, nem um bom dia, nem um aceno com a cabeça... Educação...

Além de dar aula, fazemos relatório, entregamos documentos, atendemos pais, fazemos cursos obrigatórios, trabalhamos as vezes 11 a 12 horas num dia... Mas acredite, esse é o menor dos problemas. Não posso questionar, se não for compreendido, sou “devolvido”. Não posso expor minha opinião, alguém pode ir falar que estou sendo contra o governo que me empregou, ai posso ser demitido. Não posso discordar, muito menos curtir uma postagem no facebook de alguém que falou a verdade porém contra o governo, posso perder meu contrato. Aderir uma paralisação do sindicato, não seja louco, no outro dia você estará na rua. E engolindo sapo nós caminhamos... Isso me lembra algo, ditadura!

Posso rasgar o verbo? Não venha dizer que os professores são fundamentais e que a educação é primordial. Vocês não se importam conosco. Dignidade, ok, vou me segurar pra não escrever besteira. “Todos pela Educação” era o lema. Não precisava ser todos, somente nossa Secretaria. Somente nossa secretária ( que nesse mês disse: “Quer transparência, vá a justiça” numa reunião com professores). Somente nosso prefeito.
Estamos cansados. Estamos endividados. Estamos desmotivados. Estamos pedindo socorro.

Ass: Não tenho nome, preciso do meu emprego.